Descobrindo o câncer

Neste espaço irei dividir com vocês como eu descobri o câncer. O diagnóstico precoce desta doença é muito importante, pois quanto mais cedo ela é descoberta as chances de cura aumentam, mas infelizmente nem todos conseguem este diagnóstico precoce pelo fato de muitas vezes a doença se manifestar de forma assintomática ou seus sintomas serem de um simples resfriado, e qual ser humano irá associar sintomas tão comuns com uma doença tão grave? Eu não seria um destes, pois nunca passou pela minha cabeça que pudesse estar cara a cara com essa situação. Vou relatar a seguir como foi esse processo de descoberta, que foi bem demorado devido aos fatos que relatei acima, quero deixar bem claro que o objetivo é ajudar as pessoas a se observarem mais e até mesmo seus amigos e familiares, pois sintomas comuns como ditos anteriormente podem ser um alerta para doenças mais graves.

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Retrospectiva

Inicialmente acho importante falar que estava em um momento da minha vida muito corrido, onde parecia que às 24 horas do dia eram insuficientes pra mim, trabalho, faculdade, tudo me desgastava muito, portanto não me alimentava corretamente, estava sempre correndo contra o tempo, o fato é que nunca tive uma alimentação exemplar, sempre lanches, frituras, os chamados fast foods, o que mais tarde descobri que teve grande influência no processo da doença, estou relatando isto porque sei que está é a realidade de muitas pessoas, fica aí o alerta! Bom, aproximadamente no início do mês de maio, ou talvez até antes comecei a sentir muito cansaço, um sono inexplicável, pouca disposição para tudo, pequenas caminhadas já me deixavam muito ofegante, a ponto de ter que precisar parar para descansar, no início não dei importância, mas depois comecei a pensar: " Sou uma pessoa nova, não sou obesa, não sou fumante, há algo de errado.", mas até você perceber que tem algo errado e querer ir ao médico são outros quinhentos, o sintoma que veio a seguir foi a tosse (a propósito foi o pior sintoma), esta tosse hora seca, hora com secreções, se arrastou por uns 2 meses seguidos ficando cada vez pior, a dor no peito era intensa, a falta de ar muito grande, febre baixa e em seguida passei a transpirar muito a noite, os chamados "suores noturnos", acordava com a roupa totalmente encharcada, inicialmente foram estes os sintomas, e relutei muito para ir ao médico, até que por intermédio de Deus uma amiga de trabalho (um anjo em minha vida!) após perceber que eu havia chegado para trabalhar tossindo muito e bastante ofegante me disse que iria me acompanhar à emergência do hospital a nossa cidade, eu teimosa não queria ir, mas ela me intimou a ir e fomos, graças a Deus, pois não quero nem pensar o que teria acontecido se esperasse mais. Foi no dia 25/06/2012 que cheguei ao hospital, não sabia ainda, mas ali começava a minha luta, não só minha, mas de todos que me amavam, relatei os sintomas para a médica, que logo me examinou e pediu um exame de raio-X, o resultado saiu logo, onde ela pode ver uma lesão considerável no meu pulmão direito, de imediato ela me disse que eu precisaria ficar internada, eu fiquei perdida naquele momento, pois pra mim eu iria ir ao médico, ele iria passar alguns antibióticos e eu iria embora pra casa, mas não, a realidade era esta, eu iria ficar ali, e a ideia não me agradava nem um pouco, apesar de cursar enfermagem e ideia de ficar internado na minha opinião não é agradável a ninguém. Então começaram todos os trâmites da internação, minha mãe chegou, resolveu toda a papelada e fui para o quarto, no início a suspeita era pneumonia, comecei a tomar um antibiótico fortíssimo que me causava reações que não gosto nem de lembrar, foram 8 dias de antibiótico e a Drª percebeu que não estava dando resultado, pois os sintomas persistiam, logo a suspeita passou de pneumonia para tuberculose, é meus amigos, eu fiquei internada no isolamento sem saber o que eu tinha, meus familiares e todos os profissionais entravam no meu quarto de máscara, foram dias muito difíceis, eu chorava quase todos os dias me perguntando quando sairia dali, foi um momento também em que estreitei meus laços com Deus, afinal Ele esteve a cada minuto ao meu lado, como sempre esteve. No dia 02/07/2012 eu ainda internada, durante a visita da Drª ao meu quarto, enquanto ela me examinava encontrou um gânglio na região cervical (região do pescoço), para quem não sabe o que é gânglio é uma espécie de caroço, o meu estava com aproximadamente 3 cm, é, para o meu azar ou sorte ele havia aparecido da noite pro dia, de imediato ela me informou que eu teria que realizar um biópsia ganglionar para analisar o material, para o meu desespero que nunca havia realizado nenhuma cirurgia na vida, nem de pequeno ou grande porte. A biópsia foi marcada para o dia 10/07/2012, não foi uma experiência nada agradável, um procedimento que demoraria 20 minutos acabou demorando 1 hora e meia, apesar da anestesia foi muito doloroso e tudo que senti foi medo, o gânglio estava a poucos centímetros da minha veia jugular, o que dificultou o trabalho dos médicos cirurgiões, pois todo cuidado era imprescindível, um movimento em falso traria graves consequências, mas como o meu Deus é um Deus Vivo e Maravilhoso, Ele fez com que tudo corresse bem, deu discernimento e sabedoria aos médicos e a cirurgia foi um sucesso. No dia seguinte, 11/07/2012 para minha total alegria e alívio recebi alta, após 16 dias de internação, fui para casa aguardar o resultado da biópsia, nessa altura eu já sabia que a coisa estava mais séria do que eu pensava, vim pra casa ainda com muitos sintomas, a tosse era contínua, eu tinha muita falta de ar, precisava fazer nebulização para conseguir respirar, foram algumas noites em claro, ao lado da minha mãe, vendo o dia clarear, porque não conseguia ao menos deitar sem que a tosse atacasse de maneira violenta. Neste período de espera do resultado da biópsia (que durou 27 dias) cheguei a tomar medicamento para tuberculose, o que me fez passar muito mal. Enfim, no dia 07/08/2012, preferi entrar na sala da Drª sozinha, minha mãe e minha tia me esperavam do lado de fora, e veio a pior das notícias o resultado da biópsia havia acusado Linfoma de Hodgkin tipo esclerose nodular, eu recebi aquele notícia meio paralisada, não tive reação, não me desesperei, me lembro que disse:"Tudo bem Drª.", não por estar tranquila, mas por não ter o que dizer, por um momento eu me senti fora do mundo, fiquei por alguns minutos só enquanto a Drª saiu da sala para pegar algo e simplesmente não pensei em nada, ela falou algumas palavras de incentivo, as que estavam no protocolo e saí da sala. Caminhei firmemente, olhei para minha mãe e disse: "Estou pronta pra luta!", ali começava a minha nova vida!!